Por quê fazer Intercâmbio?

Quando eu decidi fazer intercâmbio, eu lembro que eu fui direto procurar no nosso querido e velho amigo google aquelas informações que nós realmente queremos saber. Como funciona a escola, amizades, namoros; como tratar nossa família, como reagir no aeroporto; como são as festas, “rolês”... Enfim, eu não achei nada. E acho que é isso que falta pra encorajar bastante gente a ir viajar, a falta de informação. Não vou dizer que não é importante saber pra aonde ir, com quais agências, quais pacotes (normalmente o tipo de dicas que eu achei por aí), porque não é bem isso. É só que o maior medo dos intercambistas é em relação a aceitação, e não há nada na internet que alivie essa nossa frustação que parece nunca acabar. E foi por isso que eu criei o blog, pra poder passar essas informações e poder dar a ajuda aos outros que eu acabei nunca recebendo (e pra deixar meus lindos amigos informados sobre o que eu faço, né?). Eu espero que os meus relatos e dicas realmente ajudem vocês, e quero me desculpar por qualquer errinho ou repetição. Além disso, quero agradecer por estarem me acompanhando nessa minha jornada. É bom saber que as pessoas se interessam, comentam, perguntam... Dá uma felicidade que não tem explicação, ter noção de que após postar algo, haverá gente lendo tudo isso e quem sabe até criando coragem pra ter sua própria experiência! Enfim, chega de enrolação, vamos voltar ao que realmente interessa aqui, o intercâmbio de VOCÊS!

Enfim, o porquê de fazer intercâmbio é basicamente a pergunta que todo wanna be intercambista deveria fazer a si mesmo antes de cogitar a viagem em si. Quando tinha 13 anos decidi que eu queria me aventurar mundo a fora, e quando descobri sobre a possibilidade de um intercâmbio, logo apresentei a teoria pra minha família. Obviamente, eles não reagiram como eu esperava. Disseram que eu era nova demais, e que teria muito tempo no futuro para viajar. Dois anos depois, questionei novamente, e dessa vez estava decidida a não aceitar um não como resposta. Cinco meses depois, aqui estou eu, pensando no que levar, já com as passagens em mãos, disposta a ajudar todos aqueles que ainda não estão decididos.

A idéia de ir viajar sozinho, por um longo período de tempo, pode ser extremamente tentadora pra um adolescente. Believe me, eu sei! O que nos vêm na cabeça é de que teremos um tempo para nós mesmos, sem ter nossos pais (que convenhamos, de vez em quando nos enchem a paciência) para nos controlarem, sem ter responsabilidades, e sem ter alguém para darmos satisfação. Afinal, é disso que um intercâmbio é feito, não é? Ir para festas, fazer amigos, ficar acordado até tarde (nossos pais não podem nos ameaçar de desligar a WiFi na hora de ir dormir), nos afastar um pouco do mundo em que nós vivemos. Parece perfeito, não? Quem dera se fosse assim. Um intercâmbio não é feito somente de coisas boas, é uma relação ganha-ganha. Temos SIM que dar satisfações para nossos pais (eles continuam sendo família, mesmo que longe), e além do mais, eles podem não estar presentes, mas ao invés deles temos que nos dedicar à agradar a nossa segunda família, mais conhecida como Host Family, se quisermos ter um intercâmbio em total paz. Se agradar os nossos pais já é difícil, imagina uma família com uma cultura totalmente diferente da nossa? Quer dizer, como vamos saber do que eles gostam e o que desaprovam? É por isso que ser intercambista é extremamente complicado. Nós temos que abrir mão de tantas coisas para receber tantas outras, que podem ou não ser melhores do que as primeiras! Podemos pegar como exemplo todos aqueles que já tiveram alguma experiência temporária fora de casa:

Tenho um amigo que só ficou sabendo para onde iria 2 dias antes de embarcar. Acabou caindo em uma ''cidade'' pequena, de 500 habitantes, em uma família que não ligava para ele. O que nos vem a cabeça é que, na situação dele, teríamos desistido. O grande problema é que: NÃO PODEMOS. Não podemos simplesmente ligar para nossos pais, dizer que estamos voltando porque caímos em uma cidade pequena e não gostamos. A não ser, é claro, que você não tenha um pingo de consideração pelos seus pais, que pagaram o seu intercâmbio na esperança de você colaborar se algo ruim acontecesse. E o que aconteceu com o menino? Acabou dando a volta por cima. ''Puxou o saco'' da host family dele e fez com que eles se importassem. E essa é a essência de ser um intercambista. Esse é o nosso espírito. Não podemos simplesmente skypear com nossos amigos brasileiros e esperar que uma solução caia do céu. Temos que ser ativos, não passivos. Abrir a mente e, por mais difícil que seja, fazer de tudo para agradar aos outros, pois assim agradaremos a nós mesmos. Basta flexibilidade, compreensão, amor próprio e certos atos de caridade para termos um ótimo intercâmbio! Certas pessoas se dizem não estar preparadas para viajar, mas lá no fundo o que falta é somente coragem e, se me permitem dizer, falta de empenho. Não tem essa de não ter idade suficiente. O seu intercâmbio só vai ser bom se suas ações fizerem com que ele se torne assim. Se você não se empenhar, não colaborar, você definitivamente não vai curtir tanto.

Um erro muito comum entre as pessoas é comparar suas vidas à outras. Você não pode se basear em sua família brasileira e julgar a americana em torno disso. Não existe melhor, nem pior. Existe o diferente. Quando você fizer intercâmbio, você vai começar a lidar com situações completamente diferentes das que você lidava antes, e o sucesso em sua viagem só vai depender da forma que você soluciona e vê as coisas. Se você não abrir a cabeça pra essas diferenças, você irá fracassar. Ou então irá perceber isso tarde demais. Um intercâmbio é uma troca cultural, onde membros de famílias com culturas totalmente opostas criam laços e dividem o mesmo teto, e é por isso que você tem que se abrir, ser transparente. Se jogar de cabeça na coisa antes que haja tempo para um arrependimento. Sei que é difícil ir pra casa de um desconhecido, mas já pensou abrir as portas da sua própria casa pra um adolescente? É assim que sua host family se sente, então não podemos simplesmente julgá-los se eles forem um pouco secos no começo. O que temos que fazer é cativá-los. Não só eles como à todos. Em meios sociais, o intercambista tem que dar os primeiros passos. Nós temos nosso jeitinho brasileiro, não temos? A única coisa que precisamos fazer é colocá-lo em prática pra agradar, porque aí os outros terão vontade em nos agradar também. É como um relacionamento. Precisamos nos devotar à ele pra perceber que a casa passo que damos, melhor ele fica. Mais fácil, mais calmo, mais aconchegante, mais familiar. Sem dúvida haverá dias que o choque cultural vai SIM se apossar de tudo. É normal sentir saudades de casa, dos nossos amigos e tudo aquilo que nós deixamos no Brasil. Mas não podemos simplesmente culpar os outros por isso! Tudo vai depender da forma que vemos e encaramos as coisas. Se você tachar algo como “impossível” ou “intolerável”, ele se tornará. Certas coisas nos deixarão tristes, mas isso é temporário e não é só lá que isso acontece. Vai dizer que você nunca se magoou com algo aqui no Brasil? Um intercâmbio vai nos fazer amadurecer, abrir a mente pra diversos acasos que talvez nunca enfrentaríamos se não tivéssemos ido; nos fará abrir os olhos e ver que o mundo é MUITO maior do que imaginávamos.

Se após ter lido textos e mais textos sobre intercâmbios você ainda se sentir inseguro em relação à uma viagem tão extensa, não vá. Você precisa ter total consciência do caminho que está tomando, porque como eu já disse, não é uma brincadeira, a não ser que você faça com que seja. Vamos supor que o seu intercâmbio seja um livro. Você é o autor da sua história, e o final só vai depender das linhas que você escreve durante a sua viagem. Cada caminho que você tomar vai te levar à resultados diferentes, só basta você fazer sempre as escolhas certas e tomar muito cuidado pra não vacilar e escrever um capítulo mal feito. E pra aqueles que não sabem escrever... Bom, todos temos um autor dentro de nós, é só procurar lá no fundo, e esperar pra que não o encontremos só no finalzinho da viagem!

A todos os futuros intercambistas, eu desejo uma boa viagem do fundo do meu coração. Eu sei o quanto é difícil tomar essa decisão, e estou prestes à saber qual vai ser a dificuldade das coisas à partir disso. Vou atualizar aqui com informações úteis, qualquer coisa que sirva de incentivo para vocês realizarem mesmo a viagem das suas vidas! Então se a oportunidade passar pelas suas mãos... Agarre-a!.